Ver nosso melhor amigo se coçando sem parar, se mordendo, se esfregando nos móveis e parecendo genuinamente desconfortável é uma das experiências mais angustiantes para um tutor. A coceira, ou prurido, é muito mais do que um simples incômodo; ela afeta a qualidade de vida do animal, perturba seu sono e pode ser o primeiro sinal de que algo mais sério está acontecendo em seu organismo.
É um dos problemas mais comuns que levam os tutores a procurar um médico veterinário, e com toda a razão. Mas o que pode estar por trás dessa coceira toda? Como diferenciar um ato normal de se coçar de um problema que exige atenção? E, o mais importante, como você pode ajudar a aliviar o sofrimento do seu cão?
Este guia completo foi feito para você, tutor, que está preocupado e buscando respostas. Vamos mergulhar fundo nas causas mais comuns da coceira em cães, ensinando a identificar os sinais e a tomar as melhores atitudes para ajudar seu companheiro.
Causa nº 1: Pulgas e Carrapatos – os inimigos (quase) invisíveis
Esta é, sem dúvida, a causa número um e o ponto de partida de qualquer investigação. Muitos tutores afirmam categoricamente: “mas eu não vejo nenhuma pulga nele!”. O problema é que, para um cão com Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP), apenas uma única picada é suficiente para desencadear uma reação alérgica em cadeia, resultando em uma crise de coceira desesperadora que pode durar dias.
A alergia não é ao parasita em si, mas a componentes presentes na saliva da pulga. Isso explica por que, mesmo sem uma infestação visível, o problema pode ser grave.
- O que observar: Coceira frenética, principalmente na região da base da cauda, costas e coxas. O cão pode se morder, arrancar tufos de pelo e criar feridas na pele. Você pode notar falhas no pelo, pele avermelhada e pequenas “casquinhas” escuras, que são as fezes das pulgas.
- Como ajudar: A prevenção radical e contínua é o único caminho. Não há negociação.
- Controle no Animal: Mantenha o controle de pulgas e carrapatos rigorosamente em dia, durante o ano todo, mesmo no inverno. Converse com seu veterinário sobre as melhores opções, que hoje são extremamente seguras e eficazes, incluindo comprimidos mastigáveis de longa duração ou coleiras de alta tecnologia, como as da linha MSD Saúde Animal.
- Controle no Ambiente: Lembre-se que 95% do problema (ovos, larvas e pupas de pulgas) está no ambiente, não no seu pet. Lave caminhas, cobertores e panos em água quente semanalmente. Aspire a casa com frequência, focando em tapetes, frestas do piso e sofás, e descarte o saco do aspirador em seguida.
Causa nº 2: Alergias Ambientais (Dermatite Atópica)
Se o controle de parasitas está impecável e a coceira persiste, a dermatite atópica é uma das principais suspeitas. Assim como nós, os cães podem ser alérgicos a coisas do ambiente. A atopia é uma doença de pele crônica, de predisposição genética, em que o sistema imunológico do cão reage de forma exagerada a alérgenos comuns como ácaros da poeira, pólen, mofo e até à descamação da nossa própria pele.
A pele de um cão atópico possui uma “barreira de proteção” defeituosa, que permite que esses alérgenos penetrem mais facilmente e desencadeiem a reação inflamatória e a coceira.
- O que observar: Coceira crônica, que pode ser sazonal (piorar na primavera, por exemplo) ou contínua. O principal sinal é a lambedura excessiva das patas, que podem ficar manchadas e escuras pela saliva. Otites (infecções de ouvido) de repetição são muito comuns, assim como vermelhidão na barriga, axilas, virilha e face.
- Como ajudar: A atopia não tem cura, mas tem controle, e ele se baseia em múltiplos pilares.
- Nutrição de Qualidade: A alimentação é fundamental. Alimentos de alta qualidade, como os da linha para peles sensíveis da Royal Canin, são formulados com nutrientes específicos para fortalecer a barreira da pele de dentro para fora.
- Suplementação Direcionada: Suplementos ricos em ácidos graxos essenciais, como Ômega 3 e 6, encontrados em produtos da Vetnil, atuam como anti-inflamatórios naturais e ajudam a manter a pele hidratada e mais resistente.
- Banhos Terapêuticos: Banhos regulares com shampoos hipoalergênicos, calmantes e hidratantes, como os da Pethy Group, não são apenas para limpeza. Eles removem fisicamente os alérgenos da superfície da pele, aliviando a coceira e o desconforto.
Causa nº 3: Alergias Alimentares
Outro tipo importante de alergia é a alimentar. Nesse caso, o sistema imunológico do cão reage a algum componente da dieta, geralmente uma proteína (como frango, carne bovina, laticínios) ou, mais raramente, um carboidrato. É importante não confundir com intolerância alimentar, que é um problema digestivo e não envolve o sistema imune.
- O que observar: Os sinais são muito parecidos com os da dermatite atópica, o que torna o diagnóstico um desafio. A coceira pode ocorrer o ano todo, sem melhora com a mudança de estação. Em alguns casos, o pet pode apresentar também problemas gastrointestinais, como vômito, diarreia ou excesso de gases.
- Como ajudar: O diagnóstico é feito através de uma dieta de eliminação, prescrita e acompanhada pelo veterinário. Isso envolve alimentar o cão exclusivamente com uma dieta hipoalergênica ou com uma fonte de proteína que ele nunca comeu antes por 8 a 12 semanas. Durante esse período, NENHUM outro alimento, petisco ou osso pode ser oferecido. Se a coceira desaparecer, a alergia alimentar é confirmada.
Causa nº 4: Sarnas e Outros Ácaros
As sarnas são causadas por diferentes tipos de ácaros e o diagnóstico correto é crucial.
- Sarna Sarcóptica (Escabiose): Causa uma coceira violenta, que piora à noite e em locais quentes. É muito contagiosa para outros cães e pode passar temporariamente para humanos, causando lesões que coçam.
- Sarna Demodécica (“Sarna Negra”): Geralmente não causa coceira no início. Está ligada a uma queda de imunidade, sendo mais comum em filhotes ou em cães idosos ou com outras doenças. Não é contagiosa.
- O que observar: Falhas de pelo bem delimitadas (muitas vezes começando ao redor dos olhos e boca), pele avermelhada, descamação e, no caso da sarcóptica, uma coceira que não deixa o animal em paz.
- Como ajudar: O diagnóstico preciso só pode ser feito pelo veterinário através de um raspado de pele. O tratamento varia completamente dependendo do tipo de sarna. Não medique seu cão por conta própria!
Causa nº 5: Infecções Secundárias (Bactérias e Fungos)
É fundamental entender que, na maioria das vezes, as infecções de pele não são a causa primária, mas uma consequência. A coceira de uma alergia, por exemplo, leva o cão a se lamber e arranhar, criando microlesões na barreira da pele. Essas feridas se tornam o ambiente perfeito para a proliferação de bactérias e fungos (como a Malassezia) que já vivem normalmente na pele.
- O que observar: Lesões com pus (piodermite), “casquinhas” amareladas, mau cheiro forte e característico, e pele que pode ficar espessa e escura com o tempo (hiperpigmentação).
- Como ajudar: O tratamento precisa ser indicado pelo veterinário e geralmente envolve antibióticos ou antifúngicos. No entanto, o mais importante é tratar a causa inicial da coceira (a alergia, as pulgas, etc.). Caso contrário, a infecção irá retornar assim que o tratamento for interrompido.
Quando procurar o Veterinário? A Hora é Agora!
A resposta mais segura é: sempre que a coceira for persistente, intensa ou acompanhada de outros sinais. Não espere a situação piorar.
Não tente resolver o problema com receitas caseiras ou medicamentos por conta própria. Pomadas com corticoides, por exemplo, podem aliviar a coceira temporariamente, mas mascaram a causa real e podem ter efeitos colaterais graves.
Leve seu cão ao veterinário se notar:
- Coceira que o impede de dormir ou brincar.
- Feridas, crostas ou falhas de pelo.
- Mau cheiro vindo da pele ou dos ouvidos.
- Pele avermelhada, escura ou com aspecto espesso.
- Otites recorrentes.
Apenas um médico veterinário pode fazer o diagnóstico correto através de exames como raspados de pele, citologia e testes alérgicos. Ele irá montar um plano de tratamento seguro e eficaz para o seu melhor amigo.
Cuidar da pele do seu pet é um ato de amor e paciência. Com a orientação certa e uma rotina de prevenção, você pode quebrar o ciclo da coceira e garantir que ele viva feliz, saudável e confortável.